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Kenvin Pinardy |
Vai, enfia devagarzinho - não liga se sangrar, porque também já não consigo discernir
se o que parte de ti me causa dor ou proporciona prazer. O sangue é necessário,
e tu sabes.
Anda, coloca assim, bem lentamente. Perfura primeiro - deixa com que eu enlouqueça ao sentir o primeiro toque me rasgando, para só depois cravar todo o resto, girando vagarosamente, dilacerando por dentro.
E olha, mas olha bem esses meus olhos, ora fixos nos teus, ora se revirando e se fechando continuamente.
Sente.
Sente meu corpo se contorcendo bem devagar em movimentos circulares, meu peito inflando e desinflando pausadamente, em descompasso com os batimentos acelerados.
Vê como o ar que entra e sai dos meus pulmões resseca meus lábios, e como minha língua desliza por eles, na tentativa frustrada de mantê-los úmidos e vermelhos. Vê como minhas narinas se abrem e se fecham na busca incessante de um pouco de oxigênio.
Minhas mãos permanecerão imóveis, eu juro. Pode continuar, pode ir até o fim, sem interrupções misericordiosas - compaixão é para os fracos: eu quero mais, eu quero tudo. Vamos, encosta lá no fundo! Sente a resistência dos ossinhos que moldam minha carne, meus músculos retesados. E depois, depois que todo o suor já tiver se esvaído, depois de ver que todo meu sangue já foi absorvido pelos lençóis - depois de sentir meu corpo quase frio e meu coração batendo sem pressa e quase parando, encosta o cálice de vinho nos meus lábios, entorna o copo aos poucos para que eu deguste o último gole, coloca o cigarro na minha boca para que eu sorva a quente e densa fumaça e então sim...
Pode puxar o fio da navalha das minhas entranhas, erguer o braço, e com toda a sua força deferir o último golpe, a última estocada, porque só assim eu parto com um sorriso estampado no rosto.
Anda, coloca assim, bem lentamente. Perfura primeiro - deixa com que eu enlouqueça ao sentir o primeiro toque me rasgando, para só depois cravar todo o resto, girando vagarosamente, dilacerando por dentro.
E olha, mas olha bem esses meus olhos, ora fixos nos teus, ora se revirando e se fechando continuamente.
Sente.
Sente meu corpo se contorcendo bem devagar em movimentos circulares, meu peito inflando e desinflando pausadamente, em descompasso com os batimentos acelerados.
Vê como o ar que entra e sai dos meus pulmões resseca meus lábios, e como minha língua desliza por eles, na tentativa frustrada de mantê-los úmidos e vermelhos. Vê como minhas narinas se abrem e se fecham na busca incessante de um pouco de oxigênio.
Minhas mãos permanecerão imóveis, eu juro. Pode continuar, pode ir até o fim, sem interrupções misericordiosas - compaixão é para os fracos: eu quero mais, eu quero tudo. Vamos, encosta lá no fundo! Sente a resistência dos ossinhos que moldam minha carne, meus músculos retesados. E depois, depois que todo o suor já tiver se esvaído, depois de ver que todo meu sangue já foi absorvido pelos lençóis - depois de sentir meu corpo quase frio e meu coração batendo sem pressa e quase parando, encosta o cálice de vinho nos meus lábios, entorna o copo aos poucos para que eu deguste o último gole, coloca o cigarro na minha boca para que eu sorva a quente e densa fumaça e então sim...
Pode puxar o fio da navalha das minhas entranhas, erguer o braço, e com toda a sua força deferir o último golpe, a última estocada, porque só assim eu parto com um sorriso estampado no rosto.
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Obrigada! Passo a régua e fecho a conta por hoje?