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Andreas Heumann |
Agarra-te no que mais combina com você: essa privada baixa, fétida e imunda. Assim, de joelhos, nesse piso úmido, frio e repugnante - te abraça nela e vomita. Põe prá fora o que te apodrece por dentro. Deixa com que saia tudo daí, rasgando tua garganta. Fica sem voz, tosse, cospe. Deixa sangrar por dentro. Chora, mas chora com vontade, sua putana. Quero ouvir teus soluços de onde eu estiver, ecoando na perfeita acústica desse ambiente podre que se ajusta tão bem a você, para que eu saiba que sofres enquanto regurgita os vermes que alimentas com caviar, champanhe e tragadas no fininho. Vai lá, enfia bem essa cabeça dentro do buraco para ver se mesmo de olhos fechados enxergas tudo o que esta tua vida de marafana te fez engolir. Sente o cheiro. É ruim? Então faz isso: respira bem fundo! Ah, isso te dá mais ânsia, mais vontade de regurgitar? Então inspira bem mais fundo ainda. Abre as narinas e fecha essas pernas. Abre a boca – toda ela: quero ver tua goela enquanto eu seguro teus cabelos sujos e emaranhados. Minhas mãos já estão enredadas nos teus nós desde quando te abracei pelas costas. Posso segurar tua cabeça, controlar teus movimentos com facilidade, seja para te penetrar, seja para te expelir. Eu seguro - você é pequena; sinto seu crânio tocando minhas falanges. Eu poderia esmagá-lo agora... Eu poderia...Vomitou? Tossiu? Cuspiu tudo? Tudinho mesmo? Chorou? Bastante? Então vem cá, minha pequena...Vamos lavar teu rosto... Vem, meu anjo, eu te ajudo.Te pego no colo, vem aqui, vem... Te aconchego nos meus braços, te agarro, te sustento, te equilibro - sei que com tuas pernas fininhas fica difícil se erguer sem apoio sobre estes saltos enormes. Te pego pelas costelinhas, do jeitinho que eu sei que você gosta... Olha como posso tocá-las, todas elas, cada uma delas; posso senti-las sobre essa tua pele delgada, débil, fininha e macia.Te abraço, te ponho na banheira com água morninha. Te banho - percorro cada metro quadrado do teu corpo com a esponja, delicadamente; bem devagar. Te limpo, te purifico. Seco tuas lágrimas, tiro o negro borrado escorrido dos teus lindos olhos... ah... Coloco brilho nessas tuas duas esmeraldas de novo.Vem, minha guriazinha... Enxugo-te, todas as gotinhas, todas as dobrinhas; só não te visto porque gosto de ver esses teus ossinhos saltando sob os lençóis.Não, agora você não vai mais passar frio... Eu te abraço, te envolvo, te aqueço.Vem, te aconchega em mim, assim, mansinha, quietinha, quentinha - úmida de novo.Sim, vem que eu cuido de você, MEU AMOR.
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Obrigada! Passo a régua e fecho a conta por hoje?