Olha a porta entreaberta, olha.
Vem, entra de mansinho. Vê como a
soleira está coberta de pétalas brancas? Pisa sobre elas - encosta a base desses
pés que antes deslizavam pelas minhas pernas no meio da noite, no fino e
delicado tapete que te convida.
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Christine von Diepenbroek |
Atravessa a sala, observa essa mesa
posta, as nossas duas taças, os nossos dois pares de talheres, os nossos dois
pratos e as duas cadeiras vazias - aquelas que você comprou para jantar olhando
nos meus olhos e admirando o que meu decote revelava cada vez que me inclinava para te beijar. As mesmas que usei
como cenário, enquanto me despia vagarosamente para os dois olhos que me
fitavam atônitos à espera da próxima cena. Passa a mão sobre a toalha que tempos atrás fora atirada ao chão para saciar a
voracidade da nossa libido. Segue pelo corredor, acompanha vagarosamente os caminhos que as pétalas
desenham e te deixa guiar pelas ranhuras das paredes que por vezes absorveram o
suor dos nossos corpos cálidos e sedentos um do outro. Repara, são as mesmas
que machucaram hora tuas costas, hora minhas
nádegas, no violento roçar de peles, na freqüente troca de fluídos.
Não entra, mas espia pela fresta da porta do banheiro, como a tua toalha permanece dobrada na prateleira e como o aquele porta toalhas dentro do box continua levemente deslocado - desde aquela vez que no meio do banho, de costas prá você, precisei me apoiar para te sentir cada vez mais no meu espaço (quase dá prá ver meus cabelos molhados presos entre os teus dedos – eu sinto o tesão da tua força a ensaiar o desejo brutal).
Para em frente à porta do quarto.
Sente o perfume?
É o mesmo que você sente todas as noites, impregnado na tua pele e que vai te perseguir toda vez que tuas narinas e poros sentirem meu cio.
Só então arromba a porta com a fúria e a sede de quem me guarda e vê como seus lençóis vazios e sem volume ainda desenham meu corpo na tua cama.
Empenha-te nesse teu papel esquecido de macho dominador e me tira desse estado letárgico. Me aguça, me instiga.
Penetra no que você nunca teve de mim. Arranca o produto final dessa amostra grátis que você conheceu.
Acorda aquela putana soterrada em camisolas de algodão, lençóis de linho e sapatos baixos, que você adormeceu com doses homeopáticas de Perrier e deixa com que esse vinho tinto barato escorra pela carne tesa e crua da fera que habita a pele de carneiro, sem se preocupar com as manchas da cama.
Desapega desse figurino de bom moço que você veste todas as manhãs e me serve do que de mais baixo e torpe existe em você, do seu âmago. Me banha com a tua verdade.
Vem seu canalha, me arrasta, me vira: segura minhas costelas entre as tuas falanges – se encaixa.
Encobre meu fêmur com o teu e preenche os espaços vagos com o movimento insano da busca pelo gozo.
Mas não me solta! Não deixa com que essa sem-vergonha se vá, abrindo espaço para aquela insossa que habitou esse corpo de pecado.
Me cospe água - me sorve, me absorve e me engole álcool.
Te embriaga desse veneno que vc nunca teve o prazer de provar, porque é por ele que você sobreviverá - essa ressaca de mim será o teu castigo.
Não entra, mas espia pela fresta da porta do banheiro, como a tua toalha permanece dobrada na prateleira e como o aquele porta toalhas dentro do box continua levemente deslocado - desde aquela vez que no meio do banho, de costas prá você, precisei me apoiar para te sentir cada vez mais no meu espaço (quase dá prá ver meus cabelos molhados presos entre os teus dedos – eu sinto o tesão da tua força a ensaiar o desejo brutal).
Para em frente à porta do quarto.
Sente o perfume?
É o mesmo que você sente todas as noites, impregnado na tua pele e que vai te perseguir toda vez que tuas narinas e poros sentirem meu cio.
Só então arromba a porta com a fúria e a sede de quem me guarda e vê como seus lençóis vazios e sem volume ainda desenham meu corpo na tua cama.
Empenha-te nesse teu papel esquecido de macho dominador e me tira desse estado letárgico. Me aguça, me instiga.
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Acorda aquela putana soterrada em camisolas de algodão, lençóis de linho e sapatos baixos, que você adormeceu com doses homeopáticas de Perrier e deixa com que esse vinho tinto barato escorra pela carne tesa e crua da fera que habita a pele de carneiro, sem se preocupar com as manchas da cama.
Desapega desse figurino de bom moço que você veste todas as manhãs e me serve do que de mais baixo e torpe existe em você, do seu âmago. Me banha com a tua verdade.
Vem seu canalha, me arrasta, me vira: segura minhas costelas entre as tuas falanges – se encaixa.
Encobre meu fêmur com o teu e preenche os espaços vagos com o movimento insano da busca pelo gozo.
Mas não me solta! Não deixa com que essa sem-vergonha se vá, abrindo espaço para aquela insossa que habitou esse corpo de pecado.
Me cospe água - me sorve, me absorve e me engole álcool.
Te embriaga desse veneno que vc nunca teve o prazer de provar, porque é por ele que você sobreviverá - essa ressaca de mim será o teu castigo.
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Obrigada! Passo a régua e fecho a conta por hoje?