By: Terry Grant |
Uma gota de vinho
pinga no seu colo: o suficiente para atiçar seus sentidos. O pingo escorre por
entre os poros, transborda no tecido da camisa cor de rosa antigo.
A música a
envolve - ela levanta-se suavemente da poltrona, arranhando delicadamente as
unhas pelo veludo, como se tentasse penetrá-lo - como se fosse pele.
Olhar fixo; o
leve fechar das pálpebras, mesmo com as pupilas estáticas parece me convidar.
As mãos que se apoiavam vigorosamente saltam dos braços aveludados da poltrona
e deslizam por entre suas coxas quentes, sobem pelo ventre, sentindo a breve
resistência da penugem macia. Ela segura o cálice de vinho com uma mão enquanto
a outra continua percorrendo o caminho do seu corpo – me olha pela
transparência do copo, me sinto invadido. Fita-me fixamente, indiscretamente,
descaradamente como se eu pudesse senti-la se umidificando, como se eu pudesse
sentir, daquela distância, seu odor de fêmea do cio.
A borda do
cálice encosta no pescoço e enquanto ela se estica como uma gata mirando minha
reação com os cantos dos olhos ela entorna-o. Vagarosamente sua roupa se cobre
de vermelho, deixando seus seios rijos, como se quisessem transpor a fina
camada do linho.
As pernas
curtas e bem torneadas exploram a lateral da poltrona, onde ela apoia um dos
seus pés - sedoso e perfeitamente branco. À meia-luz - com a luz ideal percebo
todos os seus pequenos detalhes... O vinho segue escorregando pela alva pele
enquanto as mãos vão acompanhando esse caminho e espalhando a concupiscência
pelo seu corpo, que vejo arder. A boca entre aberta mostra os dentes de mesmo
escarlate das unhas e dos pés, e liberta o ar, a respiração ofegante e um breve
sussurro. Matizes verdes saltam dos olhos úmidos enquanto as narinas movem-se
em descompasso.
Poros
contraídos, pupilas dilatadas, lábios molhados, pelos ouriçados e, embalada
pelo som que ecoa das caixas acústicas vejo aquele corpo se movendo sensual e
vagarosamente. Seus quadris a dançar suavemente me hipnotizam. As falanges
movem-se, impelidas pelo próprio peso, com leveza, pela superfície lisa e
desnuda, como se a tocassem pela primeira vez. Desvendam toda malícia escondida
pela falsa inocência.
A mão no
botão, a calça no chão - o sexo desnudo.
O cálice na
horizontal, a blusa verticalmente arrancada,
a pele esticada pelos braços ao alto e os seios enrijecidos pelo toque do frio
e rubro vinho.
Todos os
espaços do seu corpo invadidos, todos os fluídos corpóreos em ebulição.
A lente da
câmera, o êxtase, a fotografia.
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Obrigada! Passo a régua e fecho a conta por hoje?